segunda-feira, 21 de junho de 2021

O ENUNCIADOR E A EXPRESSÃO DA SUBJETIVIDADE

 


Narrador é o nome que tradicionalmente se dá ao enunciador de um texto narrativo. Nos estudos da literatura, você ouvirá muito falar em narrador, porque boa parte dos escritos literários é feita em gêneros narrativos, como a novela, o conto, a epopeia. Porém, procure estar atento ao fato de que o autor não se confunde com o enunciador.

Em textos como os relatos de viagem e os diários, existe um eu que se projeta no texto. Esse eu, que podemos detectar claramente pelas formas verbais de primeira pessoa ou pelo emprego de pronomes como eu, me, meu/minha, entre outros, é uma entidade que, nos estudos de linguagem, costuma ser chamada de enunciador.

Ao se projetar nos textos, o enunciador deixa marcas. Os pronomes e as formas verbais são algumas dessas marcas. Mas também o são formas de modalização, o uso dos adjetivos para caracterizar, entre outras.... Essas marcas, que permitem que o leitor de um texto identifique o enunciador, são chamadas de marcas de subjetividade. Assim, um texto será tanto mais subjetivo quanto mais marcas de subjetividades ele contiver.

Alguns gêneros, como o relato de viagem, as cartas pessoais, a poesia lírica, os depoimentos e os testemunhos, entre muitos outros, têm como características a subjetividade e a projeção clara do enunciador. Outros textos, em que não se pode detectar claramente as marcas do enunciador, são ditos objetivos. Pouco a pouco, sempre que isso for importante para você compreenda os textos que lê ou para que saiba produzir textos em diferentes gêneros, chamaremos atenção para a objetividade ou subjetividade dos textos que a nossa rica e vasta literatura nos brinda.

Professor Natanael Borges

Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

quinta-feira, 10 de junho de 2021

LITERATURA DE INFORMAÇÃO



A terra a que os portugueses chegaram, habitada por indígenas, dotada de uma natureza assustadoramente exuberante para os estrangeiros, foi assunto para os cronistas europeus que para cá se dirigiram no século XVI e que buscavam entender o “novo mundo” e relatar suas características físicas, étnicas e culturais para os europeus: Por causa da curiosidade que as terras descobertas despertaram durante o período das navegações dos séculos XV e XVI, os relatos de viagens tornaram-se moda entre o público leitor europeu. A literatura de informação sobre o Brasil relaciona-se com esse interesse do leitor por terras distantes.

Os textos escritos e lidos naquele período fazem parte da chamada literatura dos viajantes ou literatura de informação sobre o Brasil colonial, que despertava mais interesse documental que literário, propriamente dito, uma vez que não tratava de fatos ficcionais, e sim de relatos verídicos. Essa literatura não circulou no Brasil na época de sua produção. Trata-se, portanto, de textos escritos por e para estrangeiros. Abordava, consequentemente, de documentos sobre o Brasil, destinados ao público europeu. Boa parte desses apontamentos não foi escrita em português ou por portugueses, e sim por viajantes de várias nações europeias.

Professor Natanael Borges
Especialista em Literatura e Língua Portuguesa

O QUE É GÊNERO TEXTUAL?

 


No cotidiano, é comum percebermos a utilização de diferentes textos escritos ou orais para a comunicação das ideias. Há textos que visam à emissão de opiniões, narram fatos reais ou fictícios, como também pretendem persuadir as pessoas, transmitir informações, instruções, e ainda há vários com outros objetivos, todos bem definidos.

- Em meio a essas variedades, como identificar a que gênero cada texto pertence?

Os textos apresentam características diferentes, tendo em vista o objetivo da comunicação. Se a finalidade do texto é o relato de acontecimentos, reais ou fictícios, o locutor segue a estrutura de um texto narrativo. Essa estrutura apresenta um narrador, o(s) fato (s), os personagens, o momento e o lugar em que a história se passou. Quando a intenção é apresentar um cenário, um objeto ou ser vivo, usa-se o texto descritivo. Marcado pelo uso de adjetivos e verbos de estado (ser, estar, ficar, parecer, etc.), esse tipo de texto é frequentemente encontrado dentro de narrações.

Caso o objetivo seja a transmissão de opiniões ou de um ponto de vista pessoal sobre determinado assunto, faz-se o uso de argumentos com a intenção de convencer o interlocutor e, nesse caso, temos o texto dissertativo-argumentativo. Se a finalidade é levar o receptor a agir de determinada maneira – adquirir um produto, receber cuidados com o seu bem-estar, montar um aparelho da maneira correta, etc.-, o locutor utiliza uma linguagem persuasiva, marcada por verbos no imperativo. Temos, então, o texto persuasivo ou texto injuntivo, isto é, aquele que injunge, ordena ao interlocutor. Já a linguagem do texto poético visa à comunicação de sentimentos, capazes de sensibilizar o interlocutor. Por fim, uma última estrutura possível seria o texto dialogal, em que aparecem claramente as falas de um emissor e de um receptor.

 

Esses diferentes tipos de textos se materializam em inúmeros gêneros textuais ou discursos. Os textos do tipo narrativo, por exemplo, podem se concretizar em gêneros tão diversos como a notícia, o conto, a fábula ou o romance. Cada gênero textual representa um recurso de comunicação que se estabelece de acordo com o contexto, ou seja, quem produz o texto, para quem o texto é criado, com que objetivo, em que momento e ainda outros critérios.

Há gêneros textuais que circulam na mídia e são considerados informativos, como a notícia, o artigo, a reportagem e a entrevista; há aqueles que constituem gêneros do cotidiano, como o cartão-postal e o blog, entre outros. Então, o gênero textual é um conceito geral que engloba textos com características comuns em relação à linguagem, ao conteúdo e à estrutura, utilizando em determinadas situações comunicacionais, orais ou escritas.

Prof. Natanael Borges

Especialista em Literatura e Língua Portuguesa


sexta-feira, 4 de junho de 2021

As cantigas trovadorescas medievais.

 


    Na história da literatura portuguesa, a primeira manifestação em forma de versos foram as cantigas, ou seja, textos escritos para serem cantados, muito semelhantes às canções populares de hoje. Dessas cantigas, poucas chegaram até nós com sua partitura: seis de Martim Codax e sete de Dom Dinis, rei de Portugal e um dos principais trovadores de seu tempo. Das demais temos apenas o texto verbal, isto é, as letras de música. O melhor da poesia medieval foi concebido para o canto, ou seja, são canções, que hoje lemos como poemas. O início desse período literário deu-se no final do século XII.

    As cantigas inauguraram, em Portugal, a literatura feita em versos. Classificadas em cantigas de amor, cantigas de amigo e cantigas satíricas, foram a manifestação mais importante do período literário conhecido com Trovadorismo (o trovador profissional, geralmente um fidalgo arruinado). O público dessas cantigas, em geral, era formado por nobres.

    A relação das literaturas de língua portuguesa com a música é profunda. Os textos mais antigos da literatura portuguesa são as chamadas cantigas trovadorescas. Composta por volta do século XII, durante muito tempo representaram as formas poéticas mais difundidas em Portugal. Uma das mais antigas delas é conhecida como Cantiga da Ribeirinha. A partitura da cantiga se perdeu, de forma que temos apenas a letra. A cantiga foi composta por Paio Soares de Taveirós, dedicada à Ribeirinha, apelido de dona Maria Pis Ribeiro, amante de um nobre da época.

Prof. Natanael Borges
Especialista em literatura e língua portuguesa

A poesia e as canções.

    Na Grécia antiga, os poetas cantavam seus poemas acompanhados por música, tocada num instrumento musical semelhante a uma harpa, muito difundido na época, chamado Lira. Boa parte dos gêneros poéticos desse período consistia na expressão de sentimentos e emoções: o enunciador projetava-se nesses textos, falando de suas emoções e de seus sentimentos. E como os poemas eram cantados, acompanhados pela música da lira, ficaram conhecidos, na tradição literária, como gênero lírico  O enunciador desses textos poéticos era conhecido como eu lírico. Até hoje, o eu lírico ou eu poético é a denominação que se usa para indicar a voz poética responsável pela expressão de emoções e sentimentos em um poema. Isso não significa, porém, que todos os poemas eram líricos, porque havia também poemas narrativos, chamados épicos, como as epopeias.

    Na Antiguidade e até a Idade Média, os gêneros poéticos estavam muito ligados à música: muitos poemas eram composto para serem cantados, em geral acompanhados por música, ou então recitados de memória ou por meio da leitura em voz alta. No final da Idade Média, o poema deixou de ser cantado para ser apenas lido. Essa separação consolidou-se ao longo dos séculos, a tal ponto que, no final do século XIX, o poema deixaria definitivamente de ter relação com a música, tornando-se um gênero escrito e visual.

    Pelo que você deve ter percebido até o momento, a canção e a poesia têm muitas semelhanças. A letra de uma canção e um poema são escritos em versos; o poema, quando lido em voz alta, revela que os elementos típicos da língua oral (fonemas, sílabas, entoação, cadência melódica). Hoje em dia, o poema é autônomo em relação à música, ou seja, existe sem ela; a letra de uma canção não é autônoma em relação à música porque precisa dela para ser completa. Porém, a letra de canção e o poema mantêm uma relação de reversibilidade: um poema pode tornar-se letra de música e uma letra de música pode ser lida como poema.

Prof. Natanael Borges
Especialista em literatura e língua portuguesa

 

CONOTAÇÃO

 

Chamamos de conotação a propriedade semântica das palavras que permite que elas assumam sentidos especiais em certos contextos, diferentes do significado com em geral são empregadas. O sentido conotativo depende do contexto, porque se forma a partir das relações de sentido que as palavras estabelecem umas com as outras quando as usarmos em um texto.

Prof. Natanael Borges
Especialista em literatura e língua portuguesa




quinta-feira, 3 de junho de 2021

Gramática textual: A nominalização



O processo por meio do qual é possível "transformar" palavras de outras classes em substantivo é chamado de nominalização. Esse processo permite enriquecer as descrições tornando-as mais precisas. Quando se pretende retomar e resumir informações na língua escrita, a nominalização é um recurso muito útil.

Narrativa histórica


A narrativa histórica (nessas narrativas há uma abundante descrição, o enunciador procura apresentar um fato histórico, descrevendo situações ou fatos ocorridos) difere da narrativa ficcional (a única obrigação do autor de ficção é ser verossímil) porque apresenta relatos de acontecimentos reais, que pertencem ao processo histórico. O autor de uma narrativa literária (um conto, uma novela, um romance) produz uma história que nasceu em sua imaginação. Já a narrativa histórica não podem, a rigor, ser consideradas literatura, pois falta a elas o caráter ficcional, ou seja, não foram inventadas pelo escritor.

O autor da narrativa histórica é obrigado a recorrer a fontes, a documentos que comprovem aquilo que narra. Não lhe é permitido inventar personagens, enredos ou cenários. Mas o processo histórico, os acontecimentos históricos, as pessoas que viveram determinados acontecimentos podem servir de inspiração para o escritor de narrativas literárias. Esse universo narrado por um escritor baseia-se no mesmo universo que o historiador descreve e analisa em suas narrativas históricas. Entretanto, na literatura predominará sempre a liberdade do autor.

Professor Natanael Borges
Especialista em literatura e língua portuguesa

 

Gramática textual: As características de uma descrição.

 

Na descrição, a caracterização dos seres, lugares, tempos, processos, etc, são os elementos mais importantes. Num texto descritivo enumeram-se vários aspectos daquilo que é descrito. Diferentemente do que ocorre nos gêneros em que predomina a narração (novelas e contos), nos gêneros textuais em que predomina a descrição não se relatam as transformações progressivas de pessoas e /ou objetos.

Aspecto descritivo: Em textos organizados especialmente pelo aspecto descrito, têm essencial importância duas classes de palavras: os substantivos (indicam os seres caracterizados) e os adjetivos (indicam as características). Numa descrição, adjetivos dependem de substantivos, porque não é possível caracterizar um ser (ou um objeto) sem que esse ser e/ou objeto "exista" no texto. Por isso, os adjetivos sempre dependem dos substantivos.

Nos textos em geral, substantivos e adjetivos podem ligar-se de duas maneiras: ligação feita por intermédio de outra palavra, como uma forma verbal (mediata) ou ligação direta (imediatamente). E o tipo de característica que interferem na forma como o adjetivo e o substantivo se ligam podem ser: inerente ao ser caracterizado (o adjetivo chama-se epíteto), e a ligação é imediata. Se a característica é acidental, o adjetivo é chamado atributo e liga-se ao substantivo por meio de um verbo.

Professor Natanael Borges
Especialista em literatura e língua portuguesa


Como o enunciador vê os fatos e os transforma em texto?

 


O ponto de vista na verdade é a maneira como o enunciador vê os fatos e os transforma em texto. Ele pode adotar um entre vários pontos de vista. Os mais frequentes são:

Ponto de vista externo: O enunciador assume o papel de uma testemunha exterior. Nesse caso, ele é um "mero" observador que conta o que vê como se ele estivesse do lado de fora dos fatos. É um ponto de vista que procura ser neutroPonto de vista interno: O enunciador projeta-se no texto como um "eu" ou, no caso de textos narrativos de ficção, adota o ponto de vista de uma personagem. Alguém que vê tudo e sabe tudo: O enunciador conhece o ponto de vista de todas as personagens e apresenta ao leitor todos esses pontos de vista.

Professor Natanael Borges
Especialista em Literatura e Língua Portuguesa

A oratura e sua relação com as lendas urbanas

 

Um dos aspectos mais interessantes da oratura é sua resistência: a cultura oral se difunde das formas mais variadas e se enraíza até nos meios urbanos, lugares mergulhados na cultura escrita. Por exemplo: as lendas urbanas são testemunhas dessa permanência da oratura.

    São narrativas que se disseminam oralmente e também por outros meios, como por exemplo, a internet e se propagam nos centros urbanos. Em geral, suas temáticas estão ligadas ao sobrenatural, ao extraordinário ou ao mistério. Muitas vezes, baseiam-se em fatos reais e algumas propõem explicações alternativas para tais acontecimentos. Revestem-se também de indícios como , detalhes do local em que ocorrem, o que lhes proporciona certo revestimento de verossimilhança realista, ou seja, têm elementos que dão a ela uma aparência de real.

Professor Natanael Borges 
Especialista em Literatura e Língua Portuguesa

Língua ou linguagem?

Como será o Novo Ensino Médio?

O novo Ensino Médio estabelece uma reforma na matriz curricular dos alunos nos três anos desta etapa escolar. A Lei nº 13.415/20...